Páginas

terça-feira, 2 de março de 2010

E estória de Maria

Maria simplesmente nasceu, pronta, vibrante, cheia de energia para encarar o mundo. Choro forte como quem diz vim e vou encarar.
O tempo passa, Maria pula, Maria brinca, Maria ri e a mãe de Maria diz –“essa menina tinha que ser menino.”
O tempo passa, Maria cresce, Maria vibra, Maria briga. Maria não queria vida de Maria.
Maria pensa “Não quero essa vida de mulherzinha, não vou casar; vou estudar trabalhar, ser independente; não vou ter filho, quero carro, mandar em vez de ser mandada. Quero vida diferente, não quero nada igual a ninguém.”
Maria cresce e amadurece, Maria segue seu caminho, Maria muda de cidade pra trabalhar achando que esta tocando o seu destino. E a mãe de Maria diz –“Deveria ter sido homem”.
Maria moleca, Maria mulher se apaixona e casa; mas... Maria não ia casar! Quem disse, quem sabe? O destino sabe, o destino quer.
Filho também vem e a vida diferente? Maria tem. Porque um filho diferente Maria tem. Maria luta.
Maria acredita que tudo tem sua razão de ser, mesmo que não consiga entender.
Maria trabalha, Maria manda, Maria faz o que queria, Maria faz como devia e a mãe de Maria diz –“Só você Maria, eu não conseguiria”.
Quando Maria cansa, Maria reclama aí Maria para, Maria pensa... Num queria Maria diferente ser? Então, reclamar por que!
Maria caminha a vida avança e quando Maria pensa “Ufa! Agora descansar” que nada a vida faz Maria recomeçar. Maria perde o pai que no seu silencia Maria sabia poder contar.
A mãe que Maria aprendeu a admirar e que sem seu companheiro não queria ficar.
O irmão... Há! O irmão que Maria achava na velhice acompanhar, achou o destino por bem levar.
Maria triste, desespera não quero ser forte, quero chorar a minha sorte. Maria pondera.
Maria chora, choro doido sofrido por em pouco tempo seus entes queridos ter partido.
Maria cansa, Maria balança não na fé mas, no que quer, até que alguém te alcança e diz – ’’Tem que ser você Maria se o contrário fosse ele não conseguiria.”
Maria chora o que tem que ser chorado. Maria levanta sem mais perguntas, sem mais cobranças.
E a Maria diferente que queria ser. Vejo a Maria em mim, vejo a Maria em você.

Zenia Ribeiro Pessanha
02/03/2010

Nenhum comentário:

Postar um comentário